PR7 Caminho dos Mareantes

Já foi, algumas vezes, ponto de paragem para um café ou lanche, à passagem nos passeios de bicicleta ou como ponto intermédio de um qualquer passeio domingueiro com a família , no entanto, sempre visitei Esposende de relance, de forma superficial, sem dedicar a atenção que a cidade merece.

Aproveitamos um domingo de sol para nos fazermos à estrada. Destino: Esposende. Desta feita com a vontade de descobrir um pouco mais do que a belíssima linha de costa atlântica.

Sabendo da existência de um percurso urbano que nos levaria a visitar alguns dos locais mais emblemáticos deixamo-nos guiar pelas setas, azuis, do PR7 Caminho dos Mareantes – um percurso de aproximadamente 6 quilómetros, circular, com um grau de dificuldade baixo que percorre o núcleo central e parte da orla marítima. (Folheto do percursoaqui)

Estacionamos nas proximidades das piscinas municipais e por mero acaso ao lado do ponto de início do mesmo!!! Pura sorte!!!

A elevação de Esposende a Vila remonta a 19 de Agosto de 1572, durante o reinado de D. Sebastião (1554-1578), talvez por isso lhe tenham dedicado esta estátua, que se encontra instalada no jardim que acolhe o inicio do percurso. Em 16 de Dezembro de 1886 adquiriu a categoria de julgado Municipal e em 27 de Outubro de 1898 a de Comarca Municipal. Foi após o período áureo da arte de marear, decorrido entre as centúrias de XIV e de XV, que Esposende conheceu o auge – entre os séculos XVI e XVIII – através do comércio marítimo e da construção naval.

Seguimos por uma via estreita, perpendicular ao jardim que nos levou defronte da Capela do Senhor dos Aflitos, cuja devoção remonta ao século XVI, estando na sua génese uma cruz de pedra pintada com a imagem do Cristo crucificado, mandado construir por pescadores e mareantes numa evocação às aflições da vida no mar.

Seguimos caminho, meia dúzia de passos adiante, no Largo Dr. Fonseca Lima, somos recebidos pelo aroma floral que brota dos canteiros de flores aí instalados, no centro da praça, a instalação de uma peça escultórica que nos remete para a vida desta gente. O edifício da Santa Casa da Misericórdia, com a sua cor alva, reflecte a luz solar dando mais cor à colorida praça.

No encalço do percurso a seguir está o Museu Municipal de Esposende, inaugurado em 1993, instalado no edifício dos inícios do séc. XX, 1911, que à época, albergava o Teatro-Club de Esposende. O teatro funcionou até à segunda metade do séc. XX, altura em que se tornou uma fábrica de fiação e tecelagem.

Aproveitando a sombra dos edifícios paralelos ao Museu seguimos até mais um largo, o do Pelourinho. O pelourinho de Esposende terá tido lugar em frente da Câmara Municipal até 1925, quando o estado de degradação em que se encontrava obrigou a que fosse reconstruído no local onde agora se encontra instalado.

O sol a pique, do meio dia, fazia-se sentir na pele. Através da rua Dr. José Manuel Oliveira chegamos à Biblioteca Municipal. Tendo como suporte físico a denominada Casa do Arco, a Biblioteca Municipal ocupa um conjunto de outros dois edifícios datáveis dos séculos XVI e XVIII. Aqui se guarda para consulta todo o acervo documental acerca da história e tradição deste concelho.

Seguimos depois pela esquerda, através da rua da Senhora da Saúde, até à Praça do Município. Aqui, o espaço é partilhado por dois magníficos edifícios, desde logo, os Paços do Concelho, , construção que remonta ao séc. XVI , onde se destacam os bonitos arcos redondos abertos na frontaria. A Igreja da Misericórdia faz parte de um complexo de edifícios que inclui também a Casa da Misericórdia. O templo actual data de 1893, como atesta uma inscrição existente. No interior, está construída a Capela do Senhor dos Mareantes. classificada como Monumento Nacional.

Prosseguimos pela rua 1º de dezembro, conhecida pelos locais como “rua direita”, um excelente local para adquirir uma recordação numa das lojas existentes nesta, movimentada, rua de Esposende.

A direito, pela rua direita, distraídos pelas montras e pelos muitos utilizadores de bicicleta que por aqui circulam seguimos à boleia de mais um ponto de interesse. Quis o destino ou forças divinas que fosse a actual Igreja Matriz, edifício de meados do séc. XVI – 1758, que se encontra edificada no Largo Rodrigues Sampaio.

Neste largo podemos ainda apreciar a estátua a António Rodrigues de Sampaio, politico liberal e jornalista, homem que ocupou cargos de relevo na cidade e no país. Ainda no mesmo local, no topo poente da praça, exibe-se o Monumento ao Homem do Mar de Esposende é uma sentida homenagem e simboliza o esforço das populações que do mar tiraram sustento e também daquelas que construíram as embarcações necessárias à faina marítima.

Continuamos agora guiados pelo som do oceano… mas antes de o alcançar… passagem pela Capela de S. João Baptista e pelo bonito cruzeiro que se encontra nas imediações, adiante, o magnífico edifício do Hospital Valentim Ribeiro da Fonseca construído ainda sob o regime monárquico.

Seguimos agora até à foz do rio Cávado e dali até ao oceano onde sob as areias claras muitos veraneantes relaxavam. Infelizmente, não viemos preparados para a praia, por isso, relaxadamente seguimos o nosso caminho.

Guiados pela torre do farol descemos a rua em lenta pedalada até ao Forte de S. João Baptista que se ergue junto à foz do Cávado. É um edifício seiscentista, mandado construir por D. Pedro II. Foi parcialmente desmantelado aquando da instalação do farol.

O passeio estava a ser magnífico, mas a fome começou a apertar, decidimos então acelerar avenida abaixo até à marina, onde atracamos, para os últimos registos fotográficos junto do Museu Marítimo de Esposende.

Largada a âncora e deixado o percurso em porto seguro seguimos em busca do merecido repasto. O local já estava escolhido mesmo antes de sair de casa, a nova – Lanchonete Portuguesa – magníficas iguarias, muitas delas, em forma de hambúrguer.

Para isso, foi preciso rumar até à vizinha Apúlia para comprovar que: “O normal pode ser extraordinário.”

Agora sim, chegamos ao final de mais uma aventura… até à próxima.

Wikiloc: https://goo.gl/Ry12x1

Google Maps: https://goo.gl/165zC4

4 opiniões sobre “PR7 Caminho dos Mareantes

  1. Verdade. Belos recantos, bonitas praças um horizonte Atlântico lindíssimo, oportunidades de ficar a contemplar a vida ou a viver aventuras pelas páginas de um livro.

  2. Que lugar bacana e lindo! Acho que se tivéssemos escolhido fazer o caminho de santiago pelo litoral, teríamos passado por ai. Bem, valeu a dica pra uma próxima peregrinação a Santiago pelo Litoral Português ❤

  3. São caminhos distintos. O central, cheio de história, bonitos monumentos, cidades e vilas encantadoras. O da costa é mais monocórdico, apesar do seu encanto, o mar marca quase toda a paisagem… lugares a não perde… Caminha, Vila Nova de Cerveira, Vila Praia de Âncora, Viana do Castelo, Esposende, Apúlia, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Leça da Palmeira e Matosinhos.
    De Caminha até Esposende percorrendo parcialmente o Caminho de Santiago tem recentemente uma Ecopista maravilhosa – Ecopista do Litoral Atlântico, deixo o link de parte do trajeto para abrir “o apetite”.

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