Foi ontem inaugurado o Centro de Trail Running de Valongo e nós, no sábado, fomos explorar um dos quatro percursos disponíveis.
Ancorada no Parque da Cidade de Valongo esta infraestrutura oferece aos praticantes da modalidade uma rede de percursos de cerca de 90 Km distribuídos pelas serras de Santa Justa e Pias, serras que integram o Parque das Serras do Porto e ainda pelas serras de Quintarrei e Alfena. Os percursos, homologados pela Associação Portuguesa de Trail Running, encontram-se divididos em 4 níveis, Trilho do Rio Ferreira – 10 km, Trilho de Santa Justa – 12 Km, Trilho do Paleozóico – 23 Km e Trilho do Vale Longo – 45 km. Toda a informação sobre os mesmos encontra-se reunida no site centrotrailvalongo.pt. Este equipamento permite ainda acesso a balneários a quem venha desenvolver a sua atividade desportiva neste território.
Depois deste pequeno enquadramento sobre os percursos, vamos lá falar do Trilho do Rio Ferreira, um percurso circular, de 10 Km, com um desnível positivo de 400 m.
Saímos do parque da cidade de Valongo para uma viagem que nos transporta por um território da Era Paleozóica, por serras que guardam habitats e espécies de flora e fauna com estatuto especial de conservação, por um território com vestígios arqueológicos fantásticos, com destaque para a mineração aurífera romana.
O percurso quase sempre fácil e plano, no seu inicio percorre paralelo à malha urbana da cidade que, à medida que a vai deixando para trás entra num percurso de monte paralelo ao Rio Simão.
Tal como o rio, caminhamos em direção ao Ferreira, um rio de maior caudal, de margens mais espaçadas, onde por estes dias as águas se agitam de forma mais brava trazendo umas espectacularidade extra à paisagem.
Esta parte do percurso percorre a estrada de paralelos que nos conduz à aldeia de Couce, umas centenas de metros adiante corta pelo “Caminho Interior de Couce”, a antiga via de ligação ao lugar, onde com alguma atenção conseguimos detectar vestígios da circulação das carroças de bois.
Alcançada a aldeia, cruzamos a mesma pela calçada empedrada.
Estas terras são ocupadas desde a era primitiva como nos “contam” os vestígios arqueológicos do Castro de Couce, o Castro de Pias ou ainda o Alto do Castro. Depois disso foram povoadas pelos romanos que nestas serras construíram um dos maiores, senão o maior, complexo mineiro conhecido. Ver vídeo sobre a mineração romana aqui.
Transpomos o rio pela ponte romana de Couce e seguimos novamente paralelos ao rio Ferreira, contra corrente, pelo caminho dos pescadores, o segmento em que a beleza paisagística se destaca da demais.
Este tramo de quase 2 km começa a ganhar altitude na sua parte final, por entre fragas e caminhos estreitos e acidentados, em alguns momentos, com vistas vertiginosas sobre a encosta. Nesta fase ainda há que ultrapassar uma ponte (ou algo parecido) que liga dois afloramentos rochosos.
Daqui iniciamos uma descida acentuada que exige atenção redobrada atendendo às características do piso – pedra solta. Este tramo leva-nos até à cota do rio, a zona da Queiva, junto das minas de extracção de ardósia, um dos produtos identitários desta terra. A ardósia é o Ouro Negro da região e sobre ela já falei aqui.
Atendendo a que a ponte ainda não se encontrava concluída, não oferecendo condições de segurança, fizemos um desvio até ao interior da vila de Campo para reforço alimentar.
Seguimos então pela rota do percurso 4, tendo como cenário os imponentes blocos de ardósia que delimitam a zona das pedreiras da Companhia Portuguesa de Ardósias. Por esta altura o cinzento que marcava o dia acentuou-se trazendo, ao cenário, algum dramatismo.
Um pouco mais compostos seguimos pela rua da E.B. 2.3 Padre Américo, após cruzarmos a linha de comboio por uma passagem inferior, seguimos à esquerda pela escadaria e dali seguimos novamente à esquerda pela Rua da Azenha, percurso que nos leva à zona da Queiva, na margem oposta à ponte que se encontrava inoperacional.
Seguimos, uma vez mais, na direcção da corrente até às “Fragas do Castelo” local bem conhecido pelos amantes de escalada. Esta parte do percurso está instalado em terrenos de idade ordovícica, ou seja, compreendido entre 488 a 443 milhões de anos aproximadamente.
Neste ponto, o terreno volta a ganhar altura… em poucos metros ganhamos uma altitude considerável, por entre fragas, novamente por caminhos estreitos, com passagem por meia dúzia de metros em que a atenção tem de estar em nível elevado pois o “nada” está mesmo ali ao lado!
Nesta parte há que ter também especial atenção para os “fojos”, respiros das galerias das minas que, não estando sinalizados, podem confundir-se com a paisagem. Verifiquei que o mato deve ter sido limpo recentemente o que possibilita identificar “o buraco”, no entanto, convém manter a atenção e não sair do trilho.
Vencido o segundo e último desnível digno de registo iniciamos a descida rumo ao Corredor Ecológico, trajeto já percorrido no início e que se inicia naquela “linha” riscada no sopé do monte.
Findo o percurso, porque não, repor alguma energia perdida num dos cafés, tabernas ou restaurantes do centro da cidade… ou então procurar uma biscoitaria para levar outro dos produtos que são imagem de marca desta terra.
Para os menos aventureiros, podem percorrer apenas o corredor ecológico que liga o centro da cidade até à aldeia de Couce, ou em alternativa, visitar o eixo histórico da cidade, a sua ligação ao pão, regueifa e biscoitos, tema que já falei na Rota do Grão ao Pão.
Quem encontra a sua motivação no património pode fazer um tour pelo património religioso da freguesia, embora não oficial, embora não marcado podem guiar-se pelo texto que disponibilizo aqui e seguir as setas laranjas que ainda se encontram espalhados pelo percurso proposto.
Fica assim o convite a virem descobrir este território… boas caminhadas ou bons trails.
Great photos!
Thanks for the comment and for following the blog. I invite you to “walk” in the blog to discover other photos, other beautiful places of Portugal.
Cheers, good weekend.
Bucólico, histórico e onírico pedalar.
Neste caso o melhor é mesmo caminhar…
Imagino sair às 05:00, tomar café as 08:00 no meio do percurso e almoçar na volta, lá pelas 17:00 horas…😁
Hahahah a boa notícia é que não é preciso tanto… a ma é que não há onde parar para café ao longo do caminho. 😂😂😂
Como se diz aqui na Amazônia, se tu não és jabuti, então se vira…rsrs.
Abraços.