PR1 AGD – da Pateira ao Águeda

O dia acordou bastante choroso, envolto num cinzento fúnebre!
A tristeza do dia fez-se refletir no nosso estado de espírito, o programa das festas, ou seja, a caminhada prevista parecia estar comprometida em consequência do dilúvio matinal. Ainda assim, com esperança que a coisa amainasse colocamos na mochila, juntamente com o alguns comeres para quando apertasse a larica, umas capas de chuva.

À medida que a manhã avançava, a cada quilometro percorrido em direção ao ponto de partida, a meteorologia ia compondo-se… Chegados a Óis da Ribeira, o céu não dava alento, pronunciando chuva a qualquer momento, a vontade de ir conhecer a região era grande e foi o impulso necessário para colocar os pés em marcha.

O PR1 AGD da Pateira ao Águeda, é um percurso circular, de aproximadamente 16 Km, com um nível de dificuldade fácil, desenvolve-se por caminhos naturais de grande beleza, com início no parque de lazer de Óis da Ribeira. Aquém possa interessar deixo o link para o track do percurso – aqui.

Seguimos na direção dos ponteiros do relógio fazendo o atravessamento de um bonito parque que nos haveria de levar por um caminho paralelo à lagoa.

A Pateira, também denominada Pateira de Fermentelos, que etimologicamente nos remete para uma zona de abundancia de patos, é uma das maiores lagoas naturais da Península Ibérica, uma zona de muita riqueza e diversidade de fauna e flora.

Podemos logo nos primeiros metros presenciar algumas espécies de aves, cegonhas, garças, patos, uma águia de asa redonda, fazendo a sua vida entre os campos de cultivo e o espelho de água, algumas, certamente, usando como casa as copas dos amieiros, freixos e carvalhos que por ali fazem uma cortina arbórea.

Com alguns quilómetros percorridos atingimos um entroncamento que nos oferece dupla opção, à direita, prosseguimos em direção a Óis da Ribeira, à esquerda, um percurso de ida e volta, por um caminho parcialmente coincidente que totaliza 2600 metros e nos levam até à bonita Ponte de Requeixo. As primeiras centenas de metros são feitas paralelamente ao rio Águeda por um caminho de terra e alcatrão, adiante, na bifurcação, seguimos pelas esquerda por uma zona de campos até alcançar a mencionada ponte, onde permanecemos alguns minutos a contemplar a envolvente.

O regresso foi feito por um caminho, alcatroado, que segue sempre de mãos dadas com o rio até ao tal entroncamento e mais além… até alcançarmos a povoação.

À medida que a manhã dava lugar à tarde, o céu, parecia também querer trocar de vestimenta!

Óis da Ribeira, terra onde a Ordem de Malta teve importantes bens, razão pela qual o seu brasão de armas ostenta a cruz oitavada daquela Ordem Religiosa e Militar. Teve foral em 1516 e foi sede de concelho até ao início do século XIX.

Seguimos na direção da Igreja Matriz, dedicada a Santo Adrião, maneirista, de construção anterior ao século XIII e reconstruída no século XVII. No século XIX foi edificada a torre sineira.

Seguimos pela sua esquerda em direção à Fonte de Valbom e depois por um caminho florestal.

O dia que se parecia estar a compor, do nada, desata num pranto descomunal!!! Caminhante prevenido, vale por dois… o ditado não é bem assim, mas neste caso, coube-nos como uma… capa de chuva. Lá saltaram as ditas do mochila para acolher a água que se precipitava do céu. Durante largos minutos não houve lugar a fotos.

Da mesma forma, repentina, que a chuva apareceu, igualmente, de forma inesperada, o sol apareceu a brilhar sob um céu azul onde se iam desfiando bolas de algodão!!! As capas haviam cumprido a sua missão e estava na hora de voltarem para o interior da mochila.

Por esta altura havíamos feito um novo percurso dentro do percurso, uma ida e volta, mais curta que a anterior, somando apenas mais 600 metros ao total da quilometragem, que nos guiou até ao embarcadouro do Rio Cértima. Apesar dos quilómetros já percorridos, o desvio, valeu a pena.

O percurso segue agora muito próximo da linha de água, por zonas onde a terra firme dá lugar a pequenos lamaçais, por zonas de vegetação mais densa onde foi necessário voltar a guardar os equipamentos fotográficos!!! Com escorregadelas constantes e de forma a progredir mais facilmente, na passagem pelo emaranhado de ramos das árvores, foi necessário ter as mãos desocupadas.

A paisagem muda completamente com a chegada à área do Parque de Lazer de Espinhel.

Este parque, com muito espaço verde, mesas, fontes e chafarizes é um excelente local para piqueniques e momentos de lazer ao ar livre. Aproveitamos a beleza do mesmo para descansar um pouco e fazer mais uns quantos registos fotográficos.

De volta ao caminho, regressamos ao mundo da terra barrenta, agora de uma coloração mais avermelhada que nos assinala o caminho até à Pedreira, local onde outrora era extraída a “rocha vermelha”, os arenitos de Eirol, para utilização na construção de casas e muros nesta região.

Finda esta zona, o percurso afasta-se momentaneamente da margem do rio, à qual, se volta a juntar umas centenas de metros adiante… seguindo em paralelo até ao parque de lazer onde iniciamos este PR.

Pela paisagem, pela calma do lugar, pelas peripécias ao longo do percurso, pelo que descobri e aprendi, valeu muito a pena sair de casa e desafiar os desígnios do tempo.

Boas Caminhadas, a todos que se queiram aventurar.

2 opiniões sobre “PR1 AGD – da Pateira ao Águeda

  1. Muito bonito, mesmo com o dia tão cinzento.
    Essa zona é muito agradável e prezo ver que agora tem poucos jacintos de água. Da ultima vez que aí estive o espéctaculo era desolador devido à enorme quantidade de jacintos meio secos que o nosso olhar abarcava.
    Obrigada por partilhar e por me devolver uma bela imagem da Pateira de Fermentelos!

  2. Obrigado, Dulce Pelo que vi devem estar no combate a esta praga, pelo menos, os meios na proximidade assim deixavam adivinhar. Gostei muito de percorrer este trilho não só pelas vistas, mas, principalmente, pela calma e serenidade que transmite.

Deixe um comentário