PR7 Aldeias e Margens do Rio Ovelha

Saímos à descoberta de mais um percurso de pequena rota, daqueles percursos que geralmente recebem nota alta pelos amantes dos percursos de natureza! Seguimos até terras da apelidada “Brazilian Bombshell”, Carmen Miranda, cantora conhecida pelos seus exóticos figurinos e chapéus com frutas, cujas origens nos levam até terras do Marco de Canaveses, à freguesia de Várzea de Ovelha, Aliviada e Folhada. É aqui, neste território que se desenvolve o PR7 Aldeias e Margens do Rio Ovelha, um percurso circular, de aproximadamente 15 km, com um grau de dificuldade fácil. Track do percurso aqui.

O dia não começou auspicioso para quem se propõe a fazer uma caminhada de várias horas. Céu cinzento, neblina, chuva era este o cenário!!! Os cerca de 50 Km que separam a nossa casa do início percurso foram feitos envoltos neste cenário monocromático, apenas colorido pela música debitada pelas colunas da voiture. À medida que nos fomos aproximando da Igreja de Várzea de Ovelha, o início desta rota, a torneira celestial foi-se fechando e assim que o motor do carro deixou de se ouvir a chuva cessou!

Mochila às costas, seguimos para norte ao encontro do rio Ovelha, rio que nasce na Serra do Marão, em Pena Suar, concelho de Amarante, um rio de águas calmas e cristalinas. e que ao longo dos seus 23 km ajuda a alimentar os terrenos agrícolas que o ladeiam e ao funcionamento de alguns moinhos.

Logo a começar este cenário maravilhoso! Seria sempre assim? Ficamos curiosos para descobrir. Apesar desta beleza nos agarrar saímos em busca de outros recantos encantados.

Tenho de realçar que todo o percurso estava transitável, muito bem sinalizado e com vestígios de muito trabalho para esse resultado. Julgo que a manutenção do percurso deva estar assegurada pela boa vontade da Associação do Amigos do Rio Ovelha, eventualmente, com a colaboração de alguma entidade local. Parabéns pelo trabalho.

Nestes primeiros quilómetros percorremos paralelos ao rio, sem barulhos, sem sinais do normal reboliço da vida quotidiana… apenas o som do vento a trespassar a folhagem, o som da água que corre sem pressas e a alegria das múltiplas espécies de pássaros expressa nas mais variadas melodias.
Sente-se na frescura matinal a chegada do outono, mesmo que a temperatura nos pudesse iludir, as cores com que a vegetação se vai vestindo ou forrando o chão, de terra fofa, é revelador da estação em que nos encontramos.
A saída desta primeira fase do percurso faz-se por entre as tábuas de madeira de uma cerca que delimita a propriedade. Haveremos de passar por aqui, ali adiante, sob a ponte, quando o percurso estiver a terminar.

O caminho gira à esquerda e segue pela estrada de terra batida, vai ganhando altitude e vai possibilitando destapar o corpo coberto. Passamos por algumas casas mas nem sinal de gente. Dos carvalhos precipitam-se as folhas dando a ilusão de neve a cair, a beleza do caminho ganha contornos de fábula, o caminho irradia vida e magia.

Ainda continuamos em sentido ascendente. Todo o percurso se assemelha a uma espécie de carrossel, uma sucessão de subidas e descidas. Aqui é possível observar grandes blocos graníticos ao longo do percurso, material que veste as construções mais antigas da região.

Atravessado o lugar iniciamos nova descida. Primeiro, por um bosque de beleza ao nível dos anteriores, depois, por um caminho de terra batida de vegetação mais rasteira e menos luxuriante. Se por terra diminuía o interesse, no céu, uma águia de asa redonda exibia-se planando em círculos... nós, seguimos mais ou menos a direito até a um dos ex-libris do percurso.

“Ao passar numas alminhas,
Deixa esmola e oração;
Porque ambas pedem as almas;
A quem tem bom coração.”

Fazendo um pequeno desvio ao traçado podemos contemplar a magnífica Ponte do Arco – de provável construção medieval, composta por um único arco, ligeiramente apontado e de grandes dimensões, assumindo-se como uma imponente obra de arquitetura.
Junto a ela, uma praia fluvial onde, nos dias quentes, mergulhar nas águas límpidas deve ser um bálsamo para o corpo.

Quem desejar retirar alguns quilómetros ao itinerário pode seguir cruzando o tabuleiro da ponte do Arco, esse caminho irá intercetar novamente com o percurso (ver track).
Regressamos ao percurso. Voltamos a descer até à cota do rio, serpenteando as suas margens, repletas de frondosos amieiros e salgueiros, num contra-corrente sem qualquer dificuldade.

Na Ponte de Vila Nova mudamos de margem e abandonamos a beira rio por um longo período. O caminho vai deambulando por entre pequenos lugares de habitações dispersas, terrenos agrícolas e por vinhedos já quase totalmente despidos de fruto. A tranquilidade do local é quebrada à nossa passagem pelos latidos dos canídeos. Vamos mais vigilantes não vá algum sair ao caminho!

Na aldeia seguinte um encontro imediato com o padeiro ambulante. Já começa a tornar-se recorrente encontrar um vendedor que traga um pouco mais de doçura ao caminho. Dois dedos de conversa com uma cliente e prosseguimos. Ainda lambíamos a beiça da iguaria já o estomago entrava em convulsão… não nos caiu mal o bolito, foi mais do susto provocado por um cão “raivoso” que, apesar de acorrentado, quase nos chegava aos calcanhares!!! E foi dando corda aos mesmos que nos afastamos rápido do local.
Um pouco mais à frente, num plano mais elevado em relação ao caminho, destaca-se um conjunto de sepulturas antropomórficas.

O tempo que se vinha a aguentar desde o inicio do percurso, tendo por momentos trazido um sol quente, estava novamente a alterar-se. Pairava no ar a ameaça de chuva. O caminho a percorrer nas próximas centenas de metros não é tão interessante como o percorrido até aqui… aceleramos o passo na tentativa de fugir da chuva… nesta corrida rápido alcançamos as margens do rio Ovelha onde o interesse da paisagem volta a crescer.

Apesar de apressarmos o ritmo não evitamos a chuva, a folhagem dava a falsa sensação de não estar a chover, no entanto,, por entre os troncos era possível avistar o manto de chuva fina que ia cobrindo a paisagem.

Alcançada a ponte, a tal que ficava no fim da cerca, da tal cerca que passamos pelo meio, no inicio do percurso, volvemos à esquerda para o derradeiro quilometro… em subida e sem qualquer ponto de interesse alcançamos a estrada que nos haveria de conduzir até ao ponto de chegada / partida.
Se repetir este agradável percurso, neste ponto, irei seguir pelo caminho que ladeia o rio, menos exigente e de superior beleza.
Nesta publicação não cabe toda a beleza dos locais percorridos, nem tão pouco as sensações sentidas… para tal… deixo o convite a fazerem uma visita. Dou uma garantia, não se irão arrepender.
Boas caminhadas.

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