Rota das Faias

Esta era uma das rotas que figurava na lista de “percursos a fazer”, uma das que estava fixada no topo, mas que, por circunstâncias várias, foi-se arrastando ao longo dos anos a sua concretização! Desde logo, porque a “verdadeira” magia deste percurso acontece durante o outono, condicionando o momento de a realizar a uma curta janela temporal – a primeira quinzena de novembro – altura em que a floresta atinge o seu máximo esplendor, mas também, conciliar com a parte meteorológica, evitando os dias chuvosos. Este ano, tudo se alinhou na perfeição e a rota das faias saiu da lista!

O PR13 MTG – Rota das Faias é um percurso circular, de pequena rota, com uma extensão de 5,4 km (6,5 com derivações) e com um grau de dificuldade baixa / média. O percurso desenvolve-se entre os 880 metros e os 1174, com uma duração aproximada de 2/3 horas. Track do percurso aqui.

Poder percorrer estas montanhas e vales por entre um mar de “árvores verdadeiras” é muito mais do que uma simples caminhada na natureza, é uma autentica experiência para os sentidos!!! As exuberantes cores outonais mescladas com o verde da restante vegetação, a sensação de frescura do ar outonal ao tocar-nos a pele, as fragâncias que a vegetação emana são um verdadeiro festim para os sentidos.

Desenganem-se aqueles que julgam que todo o percurso é dentro do bosque de faias,  dentro daquela capsula dourada, daquele verdadeiro cenário de conto!!! Não é. Dos 5/6 km que totaliza o percurso, talvez possamos contabilizar 2 km para esse quadro! No entanto, o percurso oferece muitos outros pontos de interesse…

Iniciámos o nosso percurso junto à Cruz das Jogadas e seguimos por um trilho de terra batida, no sentido dos ponteiros do relógio. Inicialmente, o percurso segue plano para aos poucos começar a ganhar altitude. À medida que o coração acelera nada melhor que fazer uma paragem para contemplar a paisagem, de onde sobressai o Vale Glaciar do Zêzere.

Perto do ponto mais alto deste percurso podemos contactar com o verdadeiro mundo rural e do pastoreio. Um velho pastor, com o rosto marcado pelo passar dos anos, conduzia o rebanho para o local de pastoreio. Dois pequenos patudos ajudavam no ofício, reservando para o pastor a função de os nortear com os seus chamamentos.

Do alto, junto da Capela de S. Lourenço, lugar de culto relacionadas com a adoração das árvores e do Sol, no solstício de Verão, somos capazes de estender a vista nos sucessivos cumes das serras que se estendem até terras de Espanha. A embelezar o local encontram-se alguns imponentes e seculares carvalhos.

Daqui, seguimos na direção da torre de vigia… O bom tempo trouxe bastante gente para a serra, sem que isso condicionasse a calma e a pacatez do percurso. A vista, nesta localização, é igualmente estonteante.

Inicia-se agora uma lenta e progressiva descida até ao sopé da serra, o percurso entranha-se pela compacta floresta das Faias, onde o percurso colhe o seu nome. Estas árvores foram plantadas pelos Serviços Florestais de Manteigas no início do século XX.
A sua beleza é inegável mas não podemos ignorar os, igualmente, belos e majestosos, Pinheiros-do-oregon.

O trabalho feito pela mãe natureza neste local é deveras deslumbrante e grandioso! Será, certamente, uma heresia quebrar a combinação de paz e tranquilidade deste lugar sacro, que liberta a mente para viagens inimagináveis.

Saídos deste, faustoso, mundo dourado, entramos num caminho despojado de ostentação, ladeado por pequenos campos, uma ou outra humilde casa de habitação e algumas cortes para animais.
Depois de tanto descer era chegado o tempo de iniciar a subida que só haveria de terminar junto do ponto de inicio desta rota.

Apesar deste percurso ser um dos postais de visita da vila de Manteigas, outros há que têm encanto semelhante. Nesta viagem acabamos por descobrir outros locais, outros caminhos, novos percursos para colocar na lista de “percursos a fazer”… um deles já está fixado no topo e aguarda que os astros se voltem a alinhar.

Até lá, boas caminhadas a todos/as.

6 opiniões sobre “Rota das Faias

  1. Que maravilha Nelson!
    Já sabia da existência deste percurso na Serra da Estrela, mas é bom ficar a saber de uma forma mais objectiva o intervalo de tempo em que este espetáculo pode ser apreciado.
    Obrigada pela partilha e bom fim-de-semana!

  2. Obrigado, Dulce. Vale bem a pena a visita, claro que a viagem não se esgota nas belas paisagens, sobre a mesa também sabem construir belos cenários gastronómicos. Bom fim de semana

  3. Aquelas estradas fantásticas com estes cenários… são um deleite para quem se passeia por lá. Se a estes ingredientes se juntar uma bicla… upa, upa… que maravilha.

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